Nomeada para seis Emmys e sete Globos de Ouro, "Just Shoot Me" é uma daquelas séries fáceis de ver, divertidas e inteligentes que, no entanto, passou um pouco despercebida no panorama televisivo português. Eu descobri-a quando a SIC Mulher a apresentou à hora do jantar, sempre adequada a este tipo de séries.
Num ambiente profissional, a série de Steven Levitan (criador de "Back to You"/"Juntos de Novo", exibida recentemente pela Fox Life) conta com um excelente elenco. Do "Saturday Night Live", David Spade é responsável pelas principais gargalhadas, mas ao seu lado está o experiente George Segal, Laura San Giacomo (que participa actualmente em "Saving Grace", outra das séries do Fox Life), Wendie Malick (outra presença frequente em séries) e Enrico Colantoni (um dos membros da equipa de "Veronica Mars").
Ao longo de sete temporadas (apenas duas disponíveis em DVD), acompanhamos o dia-a-dia de uma revista de moda, onde Maya Gallo (Laura), a jornalista que se formou em Stanford, tenta em vão dar profundidade aos temas superficiais que atraem o público feminino. Há um romance entre Maya e Elliot DiMauro (Colantoni) que termina no hospital, com um ataque de ansiedade provocado pelo medo do compromisso. Já Dennis Finch (Spade) é uma espécie de menino no corpo de um "homem" que, numa noite, quase cai nas garras de Nina Van Horn (Wendie), uma ex-top model especializada em one night stands e divórcios. Quem também tem a sua quota parte de romances mal-sucedidos é Jack Gallo (Segal), o dono da revista e o pai de Maya. Empresário de sucesso que sofre de um fascínio incurável por gadgets, é a cola que os mantém a todos juntos...
30 dezembro 2008
28 dezembro 2008
Suck on "True Blood" (2008)
True Blood.
Longe dos tempos áureos de Sete Palmos de Terra, o imaginativo e obcecado por um grotesco estranhamente apelativo, Alan Ball, criou mais uma série de televisão original, mas que não chega aos calcanhares do anterior sucesso de culto. True Blood é inspirado numa série de contos de Charlaine Harris, cuja protagonista é a personagem Sookie Stackhouse (com um nome bem sulista).
Pegando na ideia base de uma jovem de uma pequena vila do típico sul interior norte-americano (o Louisiana) com um poder especial de 'ouvir' o pensamento dos outros, Alan Ball criou todo um universo vampírico hill-Billy/saloio que, primeiro custa a engolir, mas depois cativa até ao final.
Este é um mundo em transformação, onde uma série de assassinatos coincide com o 'sair do armário' dos vampiros, que se afirmaram na sociedade (com direito a voz política e tudo) há míseros dois anos. Sookie (interpretada pela atípica Anna Paquin) é a típica waitress (empregada de bar) de uma vila conservadora e em que todos se conhecem. Com poucos objectivos na vida, tudo muda quando conhece o vampiro Bill (Stephen Moyer).
Os primeiros episódios custam a 'engolir'. Trata-se de um universo quase ridículo, a roçar o cómico mas cheio de personagens fortes nesse registo perigoso. Está ali no limite - Ball gosta de arriscar -, mas passando os primeiros dois episódios, aquelas personagens começam a criar, por mais estranhas que possam ser, laços com o espectador. Ball tem esse talento, diga-se. Primeiro o de 'brincar' com temas algo grotescos e aberrantes mesmo (os créditos iniciais de True Blood mostram logo ao que se vai); depois o de nos colocar 'presos' a personagens que chegam a ser mentalmente desequilibradas e que vivem uma normalidade muito anormal. Isso já tinha ficado bem patente em Sete Palmos de Terra. Esta é uma versão com semelhanças, mas um pouco aquém da série de culto que me cativou durante cinco temporadas.
Vista a primeira temporada de True Blood (a segunda só chega no Verão de 2009!), os seus 12 episódios, é possível encontrar semelhanças até no estilo com o Sete Palmos. A presença de sangue constante e sem grandes pudores. Cadáveres, visões, alucinações e situações normais familiares e de amizado em cenários e contextos estranhos ainda são o prato do dia para Ball. Os episódios continuam a ter os 60 minutos (o que é raro para uma série nos dias de hoje!). Ainda assim são tudo menos monótonos. Há um ritmo cinematográfico repleto de suspense que cativa, muito graças às personagens e ao universo visual que ajuda a 'entrarmos' neste mundo tão improvável quanto bizarro.
À semelhança de séries como Heroes, há uma linearidade quase de novela, onde a acção não termina num episódio, mas cria expectativa para o episódio seguinte (inclusive o último episódio da temporada). Somos levados por estas 12 horas de True Blood como se de um só filme se tratasse.
O calor sulista faz as mulheres e homens da série andarem frequentemente com pouca roupa, trazendo uma vertente bastante sensual a True Blood (até na forma de filmar Sookie se nota isso). Não falta neste mundo saloio/vampírico a quota parte de tensão sexual em condições estranhas mas altamente cativantes.
No meio do universo vampírico, não falta o típico ultra-conservadorismo do interior norte-americano (que assola também a polícia), não só manifestado contra os vampiros, mas ainda contra os homossexuais, ou pessoas diferentes na generalidade (como Sookie, por ter a capacidade de ouvir os pensamentos dos outros). A série acaba por mostrar ainda os vampiros como seres mais organizados e respeitadores das suas regras do que os humanos, numa clara metáfora social, bem como uma classe política hipócrita com as suas próprias preferências. Há pano para mangas (e dentes para pescoços), nesta série estranhamente curiosa.
A ver.
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A bebida dos vampiros que não querem beber o sangue dos humanos chama-se True Blood (tem que ser aquecida no microondas antes de ser servida) e tem direito a anúncios e tudo (segundo os vampiros da série não sabe, nem de perto nem de longe, tão bem quanto o sangue humanos):
Tagline: Thou Shall Not Crave Thy Neighbour
Vampiro Bill para Sookie:
"You think that it's not magic that keeps you alive? Just 'cause you understand the mechanics of how something works, doesn't make it any less of a miracle...which is just another word for magic. We're all kept alive by magic, Sookie. My magic's just a little different from yours, that's all."
"You think that it's not magic that keeps you alive? Just 'cause you understand the mechanics of how something works, doesn't make it any less of a miracle...which is just another word for magic. We're all kept alive by magic, Sookie. My magic's just a little different from yours, that's all."
Site da série
IMDb
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